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Ditadura Militar e as sobras do autoritarismo



No dia 01/04/1964, instaura-se um dos períodos de maior retrocesso em todas as áreas da sociedade brasileira, a Ditadura Militar de 1964. Em nosso país temos que colocar os anos nos golpes militares, para não perdermos a conta. Desde a proclamação da república em 1889, o país passou por diversos períodos de autoritarismo, alguns inclusive acreditam que nunca houve um período de democracia plena em nosso país, só para ter uma ideia, o nosso período republicano tem 127 anos e dos seus 36 governantes somente 5; isso mesmo; cinco governantes acabaram seus mandatos, são eles: Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek, Lula, FHC e Dilma no primeiro mandato, já no segundo isso não se repetiu. Só através de processo de impeachment, 7 presidentes foram afastados.

Só por conta desses dados, que estão disponíveis no site do palácio do planalto (http://www2.planalto.gov.br/acervo/galeria-de-presidentes), podemos ter uma ideia de que a democracia e o Brasil não andam muito bem. O autoritarismo sempre esteve presente na história republicana no Brasil. Já os militares estiveram sempre as voltas com o poder, foi assim nas primeiras décadas da República, período conhecido como a república da espada, se repetiu na ditadura Vargas (1937 à 1945), em seguida com o governo Dutra de uma forma um pouco mais branda, e em sua forma mais aguda na ditadura de 1964. Dessa forma, não tivemos grandes períodos democráticos e sem a interferência militar.

Essa Ditadura Militar que foi instaurada no Brasil em 1964 eliminou direitos fundamentais, prendeu e torturou seus opositores, precarizou o ensino superior público com a reforma universitária de 1968, acabou com a imprensa independente, destruiu qualquer tipo de cultura combativa ao regime, com amplo apoio da população, que não entendia muito bem o que estava acontecendo, graças a uma grande mídia que defendia os ideias dos militares.

Até hoje colhemos os frutos deste regime perverso, um aspecto que podemos observar é que existem grupos, que defendem o retorno da ditadura ao poder, como vimos na última manifestação esvaziada da direita em 26/03/2017. A completa desarticulação da esquerda, também se deve a eliminação sistemática de quadros e lideranças importantes que por não ficarem de braços cruzados partiram para a luta armada, sendo eliminados pelos sucessivos assassinatos e atos de barbárie, entre os quais, a manutenção de casas de tortura. Tudo isso com o apoio de muitos empresários, que inclusive faziam contribuições mensais ao regime militar, visando a manutenção de um aparelho repressor que torturava e matava, com vistas a garantir uma exploração dos trabalhadores nunca antes vista no Brasil pós-escravidão, sendo superada atualmente pela reforma trabalhista e previdenciária do golpista Michel Temer e seus capangas.

O mal que a Ditadura Militar de 1964 fez ao Brasil se alastra até hoje na polícia militar que tortura e promove um verdadeiro genocídio de jovens periféricos e negros, que juntamente com o apoio de programas de televisão como “Brasil Urgente” e afins. Exibem como troféu, pobres mortos por ações policiais criminosas, em nome de uma sociedade de “bem”, com cidadãos que defendem valores cristãos da boca pra fora, mas que em suas vidas privadas exploram, assediam e agridem pessoas em situação de fragilidade social ou econômica.

Isso sem contar na manutenção de verdadeiros campos de concentração, como o Hospital Colônia de Barbacena, brilhantemente relatado pelo livro de Daniela Arbex sobre o tema. Um verdadeiro campo de extermínio que funcionou até poucos anos atrás, recebia pessoas de todas as partes do Brasil, como um grande deposito de gente indesejável para a sociedade.

Até hoje quando conversamos com pessoas de mais de 50 anos, a maioria não sabe dos terrores promovidos pela Ditadura Militar, não tem ideia de que essas coisas aconteceram. Em outras palavras, nunca no Brasil tivemos uma divulgação em massa das atrocidades do regime militar de 1964, e isso contribui para o crescimento de pessoas que apoiam lideranças que defendem o retorno a esse regime, como a figura bizarra de Jair Bolsonaro. Essa excrescência humana, que apoia torturadores, defende abertamente o autoritarismo como forma de superação dos problemas brasileiros e de quebra, ainda possui muitas pessoas que compartilham de suas opiniões.

Portanto, vivemos em um país que ainda não acertou a conta com aqueles que mataram e torturaram em nome da Ditadura Militar e seus interesses. Muitos políticos que estão ocupando cargos importantes no governo, tiveram ligações estreitas com o regime militar de 1964 e continuam atuando como se nada tivesse acontecido. Acredito que precisamos urgente divulgar e discutir as mazelas desse período para que não se repita. Termino esse texto com algumas perguntas para a nossa reflexão; Será que a Ditadura Militar realmente acabou no Brasil? Até quando o Brasil pode aguentar o peso do autoritarismo instaurado aqui?

OBS: Para aprofundar a conversa deixo esses links abaixo.

Empresas que apoiaram a Ditadura Militar

https://andradetalis.wordpress.com/2014/09/10/95-empresas-financiaram-a-ditadura/

Lista de Mortos e desaparecidos pelo Regime Militar

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1560655-veja-a-lista-de-mortos-e-desaparecidos-do-regime-militar.shtml

Comissão Nacional da Verdade

http://www.cnv.gov.br/


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